THE BIRTH OF LIGHT

by Luigi Dias

Prefácio

Como definir o momento exato em que tudo começou? Desde a minha infância, a luz tem sido uma fascinação constante. Observava como ela atravessava as folhas no alto das árvores, transformando-se em sombras dançantes aos meus pés. Via como a luz delineava o concreto dos prédios, revelava a pureza de um rosto, aquecia o espírito. Sem luz, não há o que ver. Podemos sentir, é claro, pois os sentidos nos conduzem pelo escuro. Mas ver — ver exige a luz. O que dizer, então, da luz como a primeira expressão da existência? O que vem primeiro: a luz ou a forma? Ainda que separados por frações infinitesimais de tempo, creio que seja sempre a luz.

Fotografia é luz. O próprio nome nos conta: foto, luz; grafia, escrita. Mais fascinante ainda é pensar na luz como expressão artística. Porque arte, em sua essência, não é criatividade, como se tornou comum acreditar. Arte é expressão, um enigma. Imagine os primeiros seres humanos, escondidos em suas cavernas, desenhando à luz de tochas o que testemunharam sob a luz do sol. Feche os olhos e visualize-se como um desses seres ancestrais. Sinta a jornada da luz transformando-se em um bisão nas florestas temperadas francesas, ou em um gnú nas savanas africanas. Deixe sua mente vagar livremente.

Pense na luz que deu forma a Narciso, de Caravaggio. Maravilhe-se ao imaginar o mesmo feixe moldando "View from the Window at Le Gras", a primeira fotografia da história, em 1826. O que me deslumbra, o que me deixa em reverência diante desse fenômeno, é a maneira como a luz se manifesta de tantas formas. Isso transcende a ciência e desafia as superstições. É, como William Blake descreve, segurar a eternidade na palma da mão. É divino. É arte, na essência mais pura — expressão.

Esse é o sentido que dou à minha própria existência: me rebelar contra a inevitável morte da luz. Em certos momentos, na penumbra da minha solidão, imerso no interminável processo meditativo da criação, equilibrando-me entre novas feridas e antigas cicatrizes, no 'bardo' liminal entre a morte e o renascimento, sei que preciso despertar e dar vida à luz novamente.

E, ao fazê-lo, deixar um rastro de fogo.

Luigi Dias

LUIGI DIAS

Sobre o autor

Luigi é um dos artistas mais inovadores do Brasil, com uma carreira distinta que se estende por mais de 45 anos. Sua vasta experiência abrange papéis como diretor de filmes, diretor de arte para cinema e impressão, editor, designer de motion graphics, colorista, diretor de fotografia, além de ilustrador e fotógrafo premiado internacionalmente.

Luigi começou sua carreira nos anos 1980 como ilustrador para diversos jornais brasileiros, revistas de música e quadrinhos. Na década de 1990, ele avançou para Diretor de Arte e Chefe de Cinema na DM9DDB Brasil, onde ganhou prêmios prestigiosos, incluindo Clio e Cannes Lions. Desde então, fundou duas casas de produção e contribuiu como fotógrafo para várias revistas de viagem brasileiras. Seu portfólio de direção inclui filmes para clientes importantes como PepsiCo, Procter & Gamble, Land Rover, Johnson & Johnson, Hyundai, Anheuser-Busch InBev e Samsung. Em 2017, Luigi lançou seu primeiro livro fotográfico, I Didn't Mean to Hurt You, apresentando imagens de Cuba, Rússia, França e Brasil.

De 2019 até o final de 2020, Luigi trabalhou como diretor de cinema na SIRAP Production Company em Melbourne, Austrália. Desde 2020, atua como Chefe de Cinema na Agência de Publicidade HAVAS e como diretor de cinema na MERCI, sua produtora interna. Em 2024, Luigi lançou seu projeto de Fine Art Prints, LUME®.

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luigidias.director@gmail.com

lumegallery@luigidias.com

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